A fachada da loja de vendas da Fábrica de Azulejos Viúva Lamego data de 1865 e é uma criação do Ferreira das Tabuletas.
Este pintor encheu de faiança romântica e ingénua muitas fachadas e interiores de edifícios. A maioria em Lisboa, como a grande fachada de um prédio no Chiado e o interior da Cervejaria Trindade, mas também painéis publicitários de lojas em Santarém e Setúbal.
O Lobo gosta destes azulejos divertidos, coloridos e manifestamente naif. Alegram a cidade e violam a eventual monotonia dos azulejos de padrão. São peças figurativas, com divindades, animais, vasos e flores. Uma alegria para quem passa no Largo do Itendente ou toma uma cerveja fresca na Trindade.
Nesta fachada, temos de tudo, numa composição diversificada e romântica, ao gosto da segunda metade do século XIX, passado o esquematismo e leveza neo-clássicos com guirlandas, pequenas flores e urnas.
Agora enchem-se superfícies com todas as cores que o forno permite. O macaco empoleirado na varanda apanha um fruto de uma árvore. Os potes de porcelana chinesa, cheios de imensos ramos de flores, saíram do interior da fábrica e decoram a fachada. Há anjos e guirlandas, árvores, chineses com painéis publicitários. Surgem figuras alegóricas ao comércio e à indústria ou deuses clássicos como marte ou mercúrio.
Não são o que de melhor os portugueses criaram em azulejaria. Mas são alegres, divertidos, sedutores e, na sua ingenuidade, ternurentos.
Fotos e texto do Lobo
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